CUIDADO COM VIDAS INDEFESAS: um olhar sobre a anencefalia

Fonte: noticias.uol.com.br 

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal de considerar lícita a interrupção da gestação quando o feto apresenta anencefalia, surgiram muitas discussões e manifestações a favor e contra. Entre os argumentos daqueles que estão a favor do aborto dos fetos anencefálicos, sobressai aquele referente ao desgaste e sofrimento desnecessários para a gestante, uma vez que a vida gerada não sobreviverá por muito tempo após o parto ou, talvez nem complete o ciclo normal da gestação. Portanto, o feto nem é levado em consideração se é ser humano ou não.

Por outro lado, destacando um entre os vários argumentos daqueles que se mostraram contra a decisão do Supremo Tribunal Federal, cabe destacar que a vida humana não se restringe apenas a um órgão, membro ou sistema do ser humano, mas está em sua totalidade, ou seja, embora o feto esteja se desenvolvendo sem sua capacidade mental, trata-se de uma vida que está em desenvolvimento, é um ser humano que evoluirá até onde suas forças lhe permitirem.

Diante das opiniões a favor e contra a decisão do Supremo Tribunal Federal, penso, como filósofo, que cabe a nós uma reflexão: Qual é o valor que está sendo atribuído ao ser humano? O ser humano possui um valor como tal ou somente pelo seu grau de utilidade? O que faz com que algumas pessoas tomem decisões, que no passado seriam impensáveis, sobre outras pessoas? Estas e outras questões nos interpelam e quase que nos obrigam a darmos uma resposta imediata e pronta, entretanto, não é tão fácil assim.

Um dos caminhos que podemos percorrer para entendermos a pertinência das questões é o da compreensão do ser humano que o mundo pós-moderno nos trouxe. O ser humano é exigido antes de nascer. A ele são atribuídas expectativas e responsabilidades. O mundo parece tão evoluído que, com os avanços tecnológicos e científicos, tudo é possível de ser compreendido. Todavia, quando o ciclo da vida apresenta um desafio como o caso dos fetos anencéfalos, as pessoas que têm o ‘poder’ de tomar decisões e pensar soluções humanizantes, optam pelo caminho mais cômodo e mais curto: a interceptação de uma vida, sem condições de se defender.

Podemos perceber por trás dessa compreensão, que o ser humano só vale pelo que ele é capaz de produzir ou oferecer. Isso explica o fato de muitos idosos abandonados em nossa sociedade; muitas crianças especiais esperando por adoção e pouco investimento para corrigir tais realidades.

A vida deve ser protegida e favorecida em qualquer sociedade ou religião. Um feto, embora anencéfalo, que está em evolução, é um ser humano que, mesmo tendo vida breve, desafia, incomoda, faz as pessoas pensarem, agirem e até decidirem por não deixá-la nascer. Tem gente que nem precisa nascer e nem mesmo ter massa encefálica para nos fazer pensar e tomar uma postura na vida.


Em relação às mães que se encontram no decurso de uma gestação cujo feto foi diagnosticado com anencefalia, é necessário amparo, cuidado e amor. Acredito que a dor de uma mãe que perdeu seu filho, mas pode tê-lo, mesmo que por alguns segundos em seus braços, é consolável e bem menor do que o remorso de uma mãe arrependida, por não ter esperado para ver pelo menos como era o rosto do filho. Pensemos. 

Cleverson Amaro. 

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